As barragens, açudes e outros obstáculos construídos nos rios e ribeiras portugueses constituem interrupções à continuidade longitudinal dos cursos de água, contribuindo para a redução dos efetivos populacionais de espécies piscícolas migradoras, e podendo, em situações extremas, ser responsáveis pela extinção regional de espécies mais sensíveis a alterações hidromorfológicas fluviais. Para esta situação contribuem também outros fatores como a poluição, a destruição de habitats e a sobrepesca. No entanto, e atendendo ao elevado número e diversidade de usos associados às diferentes infraestruturas hidráulicas presentes nos nossos rios (p.e. captação para abastecimento humano, rega, proteção de cheias, produção de energia, recreio e lazer, entre outros), é fundamental apostar na compatibilização das atividades com impacte socioeconómico local e regional, com os objetivos de manutenção e recuperação dos ecossistemas aquáticos.
A perda de continuidade longitudinal nos ecossistemas fluviais pode ser particularmente deletéria para as espécies diádromas, ao diminuir o habitat disponível para os peixes migradores ou, em situações ainda mais gravosas, ao bloquear o acesso aos habitats de reprodução (espécies anádromas) ou crescimento (espécies catádromas), impedindo-as de completar o seu ciclo de vida.